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sexta-feira, dezembro 02, 2005

“A empresa, que por acaso chamavas família, deu-te um chuto no rabo, António!”

O António começou a trabalhar na empresa há mais de trinta anos. Os anos foram passando e trouxeram-lhe sucessivas progressões na carreira profissional dentro do espaço laboral. Durante anos a fio, assistiu com alguma despreocupação e desleixe ao crescimento dos filhos – quanto à mulher, nem se fala! Em contrapartida, lá chegou ao cargo de sub-chefe a muito custo. Desde o momento glorioso em que foi promovido para este posto, a frase “A EMPRESA ESTÁ EM PRIMEIRO LUGAR NA MINHA VIDA” tomou prioridade no seu rol de frases predilectas.

Curiosamente, o seu chefe acabaria por falecer vítima de doença prolongada e o cenário afigurou-se-lhe positivo. Foi convidado a desempenhar temporariamente o cargo maior, isto até se ter oficializado o novo sucessor do líder já enterrado. António tirou um curso intensivo de Inglês, corrigiu a postura e encheu o ego. Chegou então a manhã em que o director-geral lhe comunicaria a promoção. Antes de partir para o trabalho, António teve ainda tempo para a habitual laracha junto da mulher: “A EMPRESA ESTÁ EM PRIMEIRO LUGAR NA MINHA VIDA.”

António, de 58 anos de idade, não foi promovido nessa manhã. Outro mais novo e bem amigo do director-geral foi distinguido.

A mulher disse-lhe, então, no final desse dia decepcionante: “A EMPRESA, QUE POR ACASO CHAMAVAS FAMÍLIA, DEU-TE UM CHUTO NO RABO, ANTÓNIO!”

António acabaria por convidar os seus filhos para um almoço generoso no fim-de-semana seguinte.